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Mostrando postagens de julho, 2017

O Que O Pássaro Me Ensinou

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De uns meses pra cá tenho olhado mais para o céu. Desses meses pra lá meu olhar era mais plano, cerviz endurecida pelo hábito. Olho mais pela janela procurando a poesia de cada dia, escrita no céu sempre inédito; olho mais para as árvores sendo sopradas, por brisa ou ventania; olho mais para o céu dos pássaros e observo com mais vontade seu voo. Vê-los voando me faz lembrar, encantada, da fala do poeta quando diz que "Deus fez o céu para justificar os pássaros¹". Dia desses, a caminho de mais um consultório, pus-me a observar os pássaros. À minha direita, um bando sobrevoava o mar, acho que todos em busca de comida ou de companhia. Mas, à minha esquerda, um único pássaro (com pleonasmo e tudo) sobrevoava fábricas e casas e avenida. Fiquei pensando em seus voos. Fiquei pensando na liberdade deles. Lá em cima tudo é imensidão, e de lá, o nosso aqui também é muito mais amplo do que o que nós mesmos vemos em nosso 'estar'. Como voam despreocupados! Como é

Elo

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Sinto que, de alguns ontens pra cá, meu corpo vive a vida posta diante de si, mas minha alma vive à caminho de algum lugar que não se põe, não se expõe, do qual, ainda assim, não consegue duvidar ou deixar de desejar. Daqui não sou corpo e nem sou alma, mas toda a angústia de ser seu elo. Parafraseando Drummond, meu caminho passa, ao mesmo tempo, em vários mundos. Todos meus. Sou o cansaço da vida posta, mas também sou a esperança de que o jeito de caminhar no chão de barro vermelho da existência enfeita com flores raras o lugar pra onde a vida corre, o lugar-não-posto. Em contrapartida, caminhar com esperança faz nascer flores raras, inclusive, no barro vermelho do hoje. Retroalimentação! Há momentos incríveis em que, sendo elo, os mundos se cruzam diante de mim. Perfeita comunhão. Há músicas, há livros, há abraços, há palavras, há gestos... que parecem ser daqui, mas também de lá. Momentos que dão sentido à angústia de ser elo. E, talvez (não mais que talve